... Seu Calisto, na rodoviária, esperava sua filha que vinha de Goiânia. Tomara no bar um café e ali à porta pusera-se de pé, pensativo. Fora uma chuvinha serena, perene e fresca. Algumas pessoas chegando de guarda-chuva, outras a pé, com mala, outras de carro. Ali no recinto, passageiros andando pra lá, pra cá, outros sentados em banco, com mala ao lado, à espera do horário de partida. Aqui e ali uns três homens com os olhos vermelhos da cachaça, porém discretos no trato com as pessoas.
Um velhinho chocho e aparentemente sadio aproximou-se de Seu Calisto, e estendendo a mão:
_ Meu senhor, eu tou vindo de Goiânia pra Ribeirão Preto. Tá me faltando um cruzeiro... Não podia inteirá a passagem pra mim? Eu sou aposentado...
Seu Calisto tirou do bolso moedas. Escolheu e deu vinte centavos. _ O resto ocê arranja por aí com outros, tá meu senhor? _ e deu-lhe uma tapinha no ombro.
O velhinho agradeceu; e de mão estendida, vai aqui, vai ali, sempre mendigando.
Cansado de esperar, Seu Calisto foi ao guichê de informações, a fim de saber sobre a chegada do ônibus. Aproximou-se também o velhinho, que se dirigindo ao bilheteiro do guichê ao lado, disse-lhe ter inteirado o dinheiro e queria comprar a passagem.
_ Só posso vender depois que o ônibus chegar meu senhor.
O velhinho foi ao um bar, comprou cigarro; e voltando, com a mão estendida ia aqui, ia ali, sempre pedindo, sempre para sua “inteiração”!
(Reinaldo Gouveia Franco)
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